quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Olhos de cigana obliqua e dissimulada

Olhos de cigana obliqua e dissimulada. Tá bom, seus olhos não são assim, mas ela em si é dissimulada. E como é. Talvez aí esteja o seu charme. Nunca sei quando fala sério, quando é irônica. Seus sentimentos são um mistério pra mim. Será que os tem ou dissimula tanto que acha que sente, acha que sofre, acha que é feliz? Não sei. Talvez nunca saiba. Então me resta fantasiar. Sente, sofre, é feliz, mas nem tanto. Falta-lhe algo, alguém que possa lhe aprisionar com a liberdade que será dispensável. Ah, o que você precisa é dar.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Papai Noel vê se você tem a felicidade pra você me dar

Querido Papai Noel,


esse ano me comportei de maneira exemplar. Fui uma boa menina cumprindo com as minhas obrigações e respeitando os coleguinhas de trabalho. Fui paciente com Cíntia, controlando muitas vezes a vontade de dar-lhe uma surra. Me dediquei aos que amo e paguei meus impostos.


Você já deve ter entendido onde quero chegar né? Então vamos lá: como recompensa por meu comportamento quero de natal uma namorada. Mas olhe lá, não me apareça aqui com qualquer uma senão vai levar de volta.


Não sei se posso confiar a parte física no seu bom gosto, desconheço a feição da Mamãe Noel na juventude. De qualquer forma isso não importa muito. Não precisa ser um mulherão, com corpo escultural (mas se for quem sou eu para recusar né?).


O fato é que de algumas coisas não abro mão: tem que ser bem humorada (mulher carrancuda é muito chato); inteligente (não precisa ser uma enciclopédia ambulante, mas, no mínimo, ler bons livros, gostar de música de boa qualidade...); gostar também das coisas simples da vida como um passeio no parque, uma sessão de cinema, uma disputa de vídeo-game, um cochilo à tarde de conchinha; ah sim, para ficar mais fácil não precisa me amar, basta ser leal e ter disposição para tentar; sim, muito importante, tem que ter personalidade, não digo ter opinião formada sobre tudo (o que também é um saco), mas ter princípios, ideais e que suas atitudes sejam pautadas de acordo com eles; tem outra coisa... fico sem jeito, mas é melhor pedir né? que seja boa de cama, assim como eu (a propaganda é a alma do negócio), deixando bem claro que esse aspecto o senhor não não está autorizado a se certificar pessoalmente. Use apenas sua intuição, qualquer coisa peça ajuda ao Rudolf que é da irmandade, ele deve ter a percepção mais aguçada que a sua.



Sei que deixei para pedir meio em cima do natal então não serei exigente, posso esperar. Se for esse ano ainda, oh que benção! Se virar o ano que seja nos primeiros meses, não deve ser tão difícil assim.

P.S.: não sei como me despedir depois do clima que ficou entre a gente, então Feliz Natal pro senhor e pra patroa!

Beijos respeitosos,

Bárbara.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel.

- Tá vendo só como temos coisas em comum?
- Não sei se nos conhecemos direito, por exemplo, você acha legal prostituição? – Silêncio geral e pelo clima deu para perceber que era uma divergência. Nesse momento chega Papai Noel distribuindo chocolate para as pessoas presentes. Deu um chocolate para mim e outro para ela. Pedi para ele outro chocolate e me foi explicado que era um para cada, que não poderia dar mais nenhum. Nesse instante me aproximei dele e já com a mão deslizando por sua cocha disse baixinho em seu ouvido: o que custa me dar um chocolate a mais Papai Noel? Flash na cara do Papai Noel com os olhos arregalados de estranheza. Flash na cara dela: anh? Não sei como fui parar entre as pernas do Papai Noel, mas algo estava muito estranho então gritei para mim mesma: ACORRRRRRRRDA! e acordei. A primeira coisa que pensei foi: que porra é essa?

Nesse instante percebi que as coisas estão muito estranhas, sonhar que está agarrando o Papai Noel, francamente. Algo está muito errado. Esse sonho realmente me deu medo. Será que meu futuro é agarrar um velhinho barbudo e barrigudo? Será ainda o efeito da história da dama do lotação? Será que é o efeito dos filmes e séries que ando vendo ou será apenas o espírito natalino?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Almas Gêmeas

Não resisti e tive que copiar um diálogo do episódio "Almas Gêmeas" da série "Sexo Frágil".

- Eva, eu tenho a impressão que eu já lhe conheço de algum lugar.

- Você já passou o carnaval em Salvador?
- Não.
- Eu também não. Passo sempre no Rio.
- É mesmo?
- Cê também?
- Não, mas eu não perco um desfile das escolas na TV.
- Esse ano eu sai de Guerreira Tupiniquim Futurista.
- Nossa, então você já passou na minha televisão.
- Incrível né?
- Quando é o seu aniversário?
- 5 de julho.
- 05/07. 5 + 7, 12 que é a véspera do dia do meu aniversário.
- Você também é de julho?
- Não eu sou de janeiro. Os nossos meses têm a mesma letra.
- 13/01 e 05/07. 13 + 1 dá 14, x 5, 60, : por 7 dá... ai, dá quanto mesmo?
- Ai eu sou péssimo em matemática.
- Ai gente que coincidência, eu também.
- Poxa Eva, parece que eu te conheço a séculos.
- Vai ver que é coisa de outras encarnações.
- Eu fui gladiador, você sabia?
- Ai gente, então é por isso...
- Eu não acredito que você também viveu na Roma Antiga.
- Não, mas eu adorei o filme gladiador.
- Mentira que você assistiu gladiador.
- Eu vi três vezes no cinema e você?
- Eu vi mais da metade na televisão.
- Incrível né?
- Mais cedo ou mais tarde a gente ia ter que se conhecer né?
- Ah, mas podia ter acontecido milhões de coisas pra gente não se encontrar. Eu podia estar gripada, por exemplo e você podia nem ser você.
- Podia?
- Claro. Você podia ser chinês. Aí a gente nunca ia ter se encontrado mesmo ou então a gente podia ter se encontrado e você ser o Papa.
- É mesmo. Tremenda coincidência eu ser eu mesmo. E você ser você mesma senão não ia adiantar nada né?
- Eu não acredito em coincidências. Eu acredito em destino.
- Eu também.
- Que coincidência.


Outro trecho do mesmo episódio:

Vamos supor que exista uma alma gêmea pra cada pessoa. Como é que a gente vai reconhecer?
A sua alma gêmea pode estar em qualquer lugar e você nem perceber porque só dá atenção pras mulheres que tão nas capas das revistas.
A sua alma gêmea pode cruzar mil vezes com você e você nem perceber porque tava olhando pra câmara.
Um dia, por acaso, você ta fazendo compras e de repente olha pro lado e...

Já não sei se eu sou eu mesmo ou sou você

Isso é bonito
Eu acredito em amor à primeira vista
O amor é coisa de novela só tem na revista
A gente combina muito
Somos almas gêmeas
Luva e mão
Café com pão
Almas gêmeas
Arroz e feijão
Areia e caminhão
Almas gêmeas

Pena não ter o vídeo para postar.

Estabaca, libera e joga as pernas pro ar...

Um dia como outro qualquer sem nenhum acontecimento extraordinário. No final da tarde, como de costume nos últimos dias, fui para a academia com meu amigo que chamarei de “Raposa Mor”. Não era muito tarde, mas a academia já estava lotada. Procuramos duas esteiras para começarmos a malhação e funcionando havia três mais distantes. Me posicionei na primeira e raposa mor na segunda.



Estava me ajeitando para iniciar e Raposa Mor me alertou que a esteira estava ensopada de suor. E estava mesmo, parecia que tinham tomado banho na esteira e não andado ou corrido. Resolvi passar para a do outro lado. Para melhor situar deixe-me descrever a localização das coisas e pessoas. Era uma fila de esteiras quase encostadas na parede, com espaço somente para travessia de uma esteira para outra. Do lado direito da raposa mor havia uma esteira vazia e era para lá que eu pretendia ir já que a que eu ocupava estava encharcada de suor.


Raposa, sempre muito charmosa, estava com um shortinho deixando as pernocas à amostra, com uma blusa que não me lembro a cor porque as pernas já causavam uma confusão mental e não importava mais a cor da roupa. Ah sim, tinha uma toalha no ombro e uma garrafinha já posicionada na esteira. Mas o que importa aqui é a toalha. Esta teria um grande destaque mais adiante.


- Vou passar pra essa aí do lado. Dei um primeiro passo, pisando na esteira de Raposinha. O que não havia percebido é que Raposa já tinha ligado a esteira. Ao pisar já dá pra imaginar o que aconteceu né? Cai feito uma jaca podre. No caminho tentei me agarrar a algo para evitar o tombo e a única coisa que pude alcançar foi a toalha. Imediatamente raposa se vira e fala: Oxe Bárbara, minha toalha! Quando Raposa viu que eu estava no chão (empresada entre a esteira e a parede, diga-se de passagem) tratou logo de arrancar a toalha da minha mão e de questionar: O que você tá fazendo aí no chão? – desliga a esteira, falei baixinho para não chamar atenção da academia lotada. – O que? Perguntou a Raposa ainda sem entender o acontecido. Nesse momento já estava com metade do couro do braço esfolado pela esteira que passava repetidas vezes por cima de mim. Repeti, dessa vez mais alto: a esteira, desliga! Raposa Mor ainda ficou atordoada e alguém falou do outro lado: O que aconteceu? – A moça que caiu. Raposa se vira pra mim de novo e dessa vez eu já com os olhos cheios de lágrima e a cara de desespero: Desligaaaaaaaaaa a esteira! Raposa imediatamente foi procurar o botão para diminuir a velocidade. Sim, ainda ia diminuir a velocidade, pra que pressa com a amiga tendo o couro arrancado pela esteira? Graças a Deus Raposa se lembrou de que tinha o botão de emergência e o apertou antes que eu pudesse ter o braço decepado. Veio me ajudar a levantar e levantei, toda lascada, a perna machucada, o braço com o couro esfolado, os cabelos assanhados, a roupa toda suja e o pior, a vergonha!


Subi na esteira, me tremendo toda, como se nada tivesse acontecido. Liguei e comecei a andar calmamente. Não durou muito, logo a vergonha passou e cai na risada com Raposa Mor.

Desventuras em série. Episódio de hoje: A dama do lotação.

Sábado à noite. Nada de bom para fazer. Não agüento mais jogar age of empires nem outro jogo. Cíntia está enrolando desde às 17:00h para arrumar a casa. Já inventou tudo para fazer, até tirar a etiqueta de preço de um saco de salgadinho. A única coisa que salvou a noite foi a descrição de sua aventura pela cidade na busca de uma encomenda para mim e na compra de dois livros para ela.


No percurso de ida nada de anormal. Enquanto ela foi fiquei dormindo boa parte do tempo e sonhando com Iemanjá. Aliás, só os sonhos com Iemanjá para me tirar um pouco do tédio e da ociosidade.


Na volta vários acontecimentos bizarros, entre eles uma proposta para um programa e um romance no coletivo. De comum os dois fatos têm a faixa etária dos envolvidos. No primeiro caso um senhor de meia idade avançada querendo contratar os serviços de Cíntia, é mole? Oh veiarada tarada! Achando que um pitelzinho como Cíntia ia dar confiança pra ele. Ai ai. Desse senhor Cíntia se livrou logo com vários “nãos” e com cara de bicho. Já o romance do coletivo...


Sim, temos uma nova dama do lotação. Fico imaginando onde essa juventude vai parar. Como pode seduzir uma pobre senhora indefesa de idade e meia, na faixa etária dos 70 anos? Isso é quase estupro. Como poderia uma senhora com idade para ser nossa avó resistir aos encantos de uma adolescente? É impossível! É esperar muito.


A sedução se deu ainda na torre de tv com trocas de olhares calientes (tipo vó e netinha). E eis que o destino havia reservado a volta no mesmo ônibus e no mesmo assento (não no mesmo porque teoricamente dois corpos não ocupam o mesmo espaço, teoricamente). Cíntia, ao ver aquela senhora charmosíssima com o seu andador, tratou logo de se oferecer para segurar as sacolas. E foi aí que a paixão surgiu. A senhora se viu totalmente envolvida na teia do amor.


Sentada ao lado de Cíntia, veio o caminho todo dando sugestas: você é tão linda, parece minha netinha que morreu de velhice. Cíntia ficava cada vez mais intrigada e excitada (não no sentido sexual, espero eu). A velhinha então foi mostrar seus dotes artísticos quando Cíntia revelou sua bat-identidade. Aqui faço um parêntese, oh povo sem criatividade, sempre cantam a mesma música. “Como ela é doce”, pensou Cíntia emocionada sem saber das reais intenções da senhora tarada.


E continua o jogo de sedução, pega no cabelo, encosta no pescoço, pega na mão e Cíntia pensando: será que ela dormiu? Como saio daqui agora? A melhor parte estava sendo guardada para a despedida. Ui, que velhinha ativa! “Ai, você tem o cheiro tão bom” e tome cafungada no pescoço. Nessa hora Cíntia se tocou que aquilo não estava certo e que a simpática mumiazinha nutria algo a mais por ela. “Meu Deussss, que desespero!”, gritava o consciente de Cíntia.


Hora de descer: será que ela morreu? Será que está babando em mim? Não, ela estava esperando o momento para dar o bote e tascá-lhe um beijo desentupidor de pia. Cíntia fala baixo para não matar a senhora do coração: licença vozinha, tenho que descer. E é agora, preparem-se para momentos de agonia. A velhinha virou lentamente, olhou nos seus olhos, disse baixinho: tesão! e lascou um selinho. Cíntia se “quedou paralisada, pronta pra virar geléia”. Reação? Não teve. Vontade de vomitar? Muita. Levantou com as pernas bambas, tamanha emoção. Olhou para todos que pareciam paralisados pelos olhos da Medusa. Não conhecia ninguém. Não ousou olhar para trás, mas se tivesse olhado veria a velhinha ajeitando a dentadura e lambendo os beiços.

Desventuras em série: quinta-feira 13!

Quinta-feira! De repente me lembrei de que era quinta-feira e me animei. Não é pra menos, já havia um bom tempo que tinha ido ouvir música de qualidade bem executada e interpretada. Enfim, será que a prima quer ir com a gente? Ah, deve querer. Tudo combinado e acertado. Eu, Cíntia e a prima fomos então para o toca ouvir Dayane e seus blue caps!


Estava tudo muito bem e tal, Cíntia e a prima já animadas com a vodka e a cerveja e eu só no guaraná. No intervalo mudamos de mesa por algum motivo que não me lembro agora, mas a mesa antes era ocupada por um senhor e então surgiu ali uma dívida. Poxa, pegamos o lugar dele. Nossa prima já foi logo fazendo amizade com o cara que se sentiu no direito de se sentar conosco. Tudo bem quanto a isso, não sou tão anti-social assim a ponto de não poder dividir uma mesa. Pelo contrário, adoro fazer amizades novas, só não demonstro isso. Mas tudo bem, o senhor se instalou lá e começou a distribuir elogios e a falar de música. O entrosamento dele com a prima foi perfeito. Ela acompanha o trabalho dele há um bom tempo. Eu não conhecia, mas realmente, pelo o que ouvi, parecia ser muito bom.


O nível de intimidade foi crescendo entre ele e a prima (fã número 1) e generosamente ele estendeu a atenção dispensada à ela a mim. Admito que sou chata boa parte do tempo, mas queria, no mínimo, ouvir o que estava sendo cantado. O problema é que isso se tornou impossível e não sei de onde ele achou que eu pudesse estar interessada nele. Vou me explicar mais uma vez. Em outras circunstâncias ele seria até muito atraente. Só seria necessário ele fazer uma cirurgia de mudança de sexo, talvez dar um corte legal no cabelo e ser algumas décadas mais novo. Mas não era o caso e teria que me contentar com a conversa fiada de que eu parecia a ex-namorada dele de forma educada.


A noite continuava, eu querendo ouvir a Dayane, o senhor não deixando, me entregando cartão, anotando telefone, perguntando signo, idade, a cor da calcinha (eu não estou brincando), orientação sexual (não, isso a topeira não perguntou, ingênuo todo), dizendo que ia entrar pra família e eu pensando: como? Nessa mesa você não arranja nada. É incrível como ele foi escolher a pior mesa do bar para isso, com três mulheres que, aliás duas mulheres e uma adolescente, como eu posso explicar? Pra ter idéia uma tem tatuada uma letra japonesa, coreana, chinesa, não sei, que significa mulher. Eu estava mais preocupada com a musicista, digo com a música e a adolescente de gênero duvidoso não precisa nem falar, sua fama se arrasta pela Medina.


A prima e a Cíntia bem que tentaram levar o senhor para fora do bar, despistá-lo lá fora e voltar sozinhas, mas ele sempre voltava. Cedo ou tarde ele voltava e cada vez mais audacioso. Nem com as diquinhas da Cíntia ele se tocava e olha que qualquer um se tocaria. Mas ele não. Chegou ao ponto de eu mudar de mesa, falar: já ta bom né? E nada, ele continuava ali, pedindo pra mandar beijo e o escambal.


E foi assim que tirei a sorte grande, conhecer esse senhor lindíssimo e charmoso que parecia ter saído das profundas. Pra terminar ainda nos chamou para “tocar violão” na casa dele. Sei o violão que ele queria tocar. Rum! Ah sim, ainda apareceram outras criaturas de meia idade que me surpreenderam com o conhecimento astrológico e com a cara de pau. Sem contar o nível da cachaça do sangue que confundia um tic nervoso de Cíntia com uma charmosa piscadela.


Fim de noite e fim de papo.


P.S.: no dia seguinte Cíntia teve um pequeno mal estar na rua caracterizado por impulsos involuntários vindos do estômago seguindo de um “rauuuuuuuul!” e colocou a culpa em um cachorro quente que nem sequer foi comido. Mamis acreditou e ainda disse que ela deveria ter tomado boldo, que boldo curava até cachaçada, imagina um mal estar de um inofensivo cachorro quente.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tédio com T! Não, não é tédio com tesão, é tédio com “T” maiúsculo. Não que seja impossível, muito pelo contrário. A mente quanto mais vazia, mais fértil é para pequenos ou grandes delírios. Mas antes que eu comece a devagar nesses pensamentos devassos, deixe-me explicar que não é o caso, não nesse momento, talvez ontem, ou hoje mais cedo, mas não agora, não mesmo.
O fato é que até escrever me pareceu uma ocupação melhor que estudar. Aliás, estou em constante fuga, sempre arrumando algo “mais importante” para fazer e adiando a parte chata, porém necessária. Mas isso é assunto pra outra hora. Vou tentar focar no tédio, sentimento mais pulsante neste momento. Vai ser difícil com tantas distrações: o trânsito de um domingo à tarde em uma via não tão movimentada nem durante a semana; os pedestres; as pessoas na parada de ônibus; outros seres esperando alguém terminar a prova (sim, não estou sozinha!), se fosse mais sociável estaria trocando figurinhas com essas pessoas, rindo, me divertindo (ou não), mas não tenho paciência e mesmo se tivesse, minha timidez não deixaria.
Se o intuito era passar o tempo com essa ladainha, estamos tenho um avanço, passaram-se gloriosos 12 minutos. Nem me lembro mais qual era o assunto, na verdade me lembrei agora, mas achei uma boa coisa a se fazer, não, não é dormir. Observar duas moçar na grama. Namoradas? Talvez. Pela proximidade posso deduzir que sim. Que outro tipo de relacionamento suportaria tal contato nesse calor dos infernos? De qualquer forma não me arriscarei com pré-julgamentos, afinal de contas elas podem ter a pressão baixa e minha deficiência visual não permite uma observação mais detalhada desse ponto e, sinceramente, não me importa, em nada vai alterar minha condição nesse momento.
Agora é uma freira que passa do outro lado da rua, sempre tive tara por freiras. É, talvez não tenhamos intimidade suficiente para que eu diga isso... ops, me escapuliu! Como é raro ver uma freira hoje em dia. Talvez porque eu não seja religiosa. O fato é que na minha infância via muitas freiras. Estudei em colégio de freiras, não propriamente um colégio de freiras, mas que era administrado por freiras, então considere assim, acho tão bonito isso, dizer que estudei em colégio de freiras. Só para esclarecer já que eu comecei, a tara não vem dessa época, pelo menos espero eu que não. Eram senhoras já, não poderia ter vindo dessa época. Fico pensando em como deve ser difícil ser uma freira. Explico: levando em consideração que toda mulher é potencialmente bi, viver enclausurada em um convento cercada por “irmãs”... isso sim é provação! Mas a tara não se deve a isso, à tentação. Apesar de adorar ser tentada e resistir só para provar a mim mesma que tenho o domínio da situação. Ridículo isso, eu sei! Enfim, se deve ao hábito, assim como à burca. É o que está escondido que se reveste de eroticidade. A exposição demasiada do corpo é, de certa forma, broxante. Não há nada mais erótico que uma mulher vestida. A imaginação é algo poderosíssimo, não podemos desprezá-la. Desejar uma coisa verdadeiramente envolve imaginar situações, possibilidades... quanto à mulher vestida, há a imaginação aliada à curiosidade: ai meu Deus, o que será que tem por baixo daquela roupa? Tá bom, qualquer criança sabe o que há por baixo da roupa. Mas entre no clima, vamos lá, não custa. Você não viu e é isso que importa. E o mais importante é: quando e como verá?
Tsc, tsc, tsc... 14 horas e 47 minutos! Vou ativar minha auto censura e parar. Deve haver algo interessante a se fazer até às 18:00h, além de enlouquecer.