segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Desventuras em série. Episódio de hoje: A dama do lotação.

Sábado à noite. Nada de bom para fazer. Não agüento mais jogar age of empires nem outro jogo. Cíntia está enrolando desde às 17:00h para arrumar a casa. Já inventou tudo para fazer, até tirar a etiqueta de preço de um saco de salgadinho. A única coisa que salvou a noite foi a descrição de sua aventura pela cidade na busca de uma encomenda para mim e na compra de dois livros para ela.


No percurso de ida nada de anormal. Enquanto ela foi fiquei dormindo boa parte do tempo e sonhando com Iemanjá. Aliás, só os sonhos com Iemanjá para me tirar um pouco do tédio e da ociosidade.


Na volta vários acontecimentos bizarros, entre eles uma proposta para um programa e um romance no coletivo. De comum os dois fatos têm a faixa etária dos envolvidos. No primeiro caso um senhor de meia idade avançada querendo contratar os serviços de Cíntia, é mole? Oh veiarada tarada! Achando que um pitelzinho como Cíntia ia dar confiança pra ele. Ai ai. Desse senhor Cíntia se livrou logo com vários “nãos” e com cara de bicho. Já o romance do coletivo...


Sim, temos uma nova dama do lotação. Fico imaginando onde essa juventude vai parar. Como pode seduzir uma pobre senhora indefesa de idade e meia, na faixa etária dos 70 anos? Isso é quase estupro. Como poderia uma senhora com idade para ser nossa avó resistir aos encantos de uma adolescente? É impossível! É esperar muito.


A sedução se deu ainda na torre de tv com trocas de olhares calientes (tipo vó e netinha). E eis que o destino havia reservado a volta no mesmo ônibus e no mesmo assento (não no mesmo porque teoricamente dois corpos não ocupam o mesmo espaço, teoricamente). Cíntia, ao ver aquela senhora charmosíssima com o seu andador, tratou logo de se oferecer para segurar as sacolas. E foi aí que a paixão surgiu. A senhora se viu totalmente envolvida na teia do amor.


Sentada ao lado de Cíntia, veio o caminho todo dando sugestas: você é tão linda, parece minha netinha que morreu de velhice. Cíntia ficava cada vez mais intrigada e excitada (não no sentido sexual, espero eu). A velhinha então foi mostrar seus dotes artísticos quando Cíntia revelou sua bat-identidade. Aqui faço um parêntese, oh povo sem criatividade, sempre cantam a mesma música. “Como ela é doce”, pensou Cíntia emocionada sem saber das reais intenções da senhora tarada.


E continua o jogo de sedução, pega no cabelo, encosta no pescoço, pega na mão e Cíntia pensando: será que ela dormiu? Como saio daqui agora? A melhor parte estava sendo guardada para a despedida. Ui, que velhinha ativa! “Ai, você tem o cheiro tão bom” e tome cafungada no pescoço. Nessa hora Cíntia se tocou que aquilo não estava certo e que a simpática mumiazinha nutria algo a mais por ela. “Meu Deussss, que desespero!”, gritava o consciente de Cíntia.


Hora de descer: será que ela morreu? Será que está babando em mim? Não, ela estava esperando o momento para dar o bote e tascá-lhe um beijo desentupidor de pia. Cíntia fala baixo para não matar a senhora do coração: licença vozinha, tenho que descer. E é agora, preparem-se para momentos de agonia. A velhinha virou lentamente, olhou nos seus olhos, disse baixinho: tesão! e lascou um selinho. Cíntia se “quedou paralisada, pronta pra virar geléia”. Reação? Não teve. Vontade de vomitar? Muita. Levantou com as pernas bambas, tamanha emoção. Olhou para todos que pareciam paralisados pelos olhos da Medusa. Não conhecia ninguém. Não ousou olhar para trás, mas se tivesse olhado veria a velhinha ajeitando a dentadura e lambendo os beiços.

2 comentários:

  1. Eu poderia falar prá véia: Eu acredito em amor á primeira vista...

    hahaha

    Nunca me esquecerei desse acontecimento

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  2. Ou então: a gente combina muito...
    Realmente poderia ser sua alma gêmea. Se eu fosse você não dispensaria. ;P

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